Levanto-me e faço
nada pergunto senão quando quero saber
e só quero saber
quando tenho de acertar
algo que partilho com os outros
não olho para vestígios do passado
o passado só me serve
quando quero saber de onde vim
para entender o que me falta para chegar
mas não tenho pressa de chegar a nenhum lado
não me vejo ao espelho
porque esse é um gesto inútil
estou aqui por dentro de mim e sei-o bem
os que me vêm sabem como pareço
e eu nunca serei capaz de ver-me pelos seus olhos
quando me canso, paro,
brinco então, jogo, embriago-me, saboreio, venho-me,
depois deito-me e mergulho na escuridão,
adormeço
nem sombra de memória, nenhum sonho
repouso nos ternos braços da morte
Daniel D. Dias
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