1.
Se a maioria absoluta da coligação PSD/CDS não vier a concretizar-se, e se no PS -, seguindo a tradição e as aspirações do seu núcleo direitista -, se demitir o António Costa, ou muito me engano ou teremos a breve trecho um governo minoritário de direita a governar com o apoio do PS.
Bloco e PCP têm razões para rejubilar. Mais uma vez ganharam uma difícil batalha. Sobreviveram e até cresceram, mas não irão governar como parece ser, aliás, a sua secreta aspiração de sempre. Mas subtilmente contribuíram (também mais uma vez) para que Portugal continue sob a alçada da direita. Mas - entenda-se - o que carateriza desde há muito a nossa esquerda é não conseguir viver sem ter desafios de monta que lhe permitam mostrar a sua capacidade de resistência, a sua superioridade moral e a sua coragem para defender o povo. Um tanto como o rato Tom que precisa desesperadamente do gato Jerry para mostrar as suas habilidades. Sempre inimigos mas sempre inseparáveis. Sem uma direita no poder e um PS, titubeante, ruído por dissensões direitistas, como sobreviveria esta nossa esquerda?
Ou seja: Tudo leva a crer que continuamos na gloriosa senda "de vitória em vitória até à derrota final".
2.
A menos que a coligação de direita não tenha a maioria, o Costa não se demita e os que se dizem de esquerda resolvam fazer um acordo de incidência governamental, em nome duma maioria de esquerda no parlamento, e que a resolvam reclamar ao Presidente da República, de acordo, aliás, com a constituição... Tudo mudaria desta forma.
Eu não quero tirar o benefício da dúvida a este cenário mas francamente só acredito se vir alguma coisa nessa direção e até agora não vi nada.
Portugal não é de facto a Grécia onde houve eleições num dia e no outro já havia acordos parlamentares a funcionar.
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Mais uma vez verifico que em Portugal não é a direita que é forte. A esquerda é que é fraca, ou melhor, é a esquerda que não sabe usar os seus enormes potenciais. Enquanto a direita, prosaicamente, não perde de vista o pote dos seus interesses, a esquerda sobrepõe aos objetivos que lhe competem de conquistar o poder e de governar bem, com equidade e justiça, as eternas quezílias entre si, acerca de superioridades morais, as legitimidades ideológicas, a competição por saber quem denuncia ou reivindica melhor…
Ainda por cima a esquerda absorve toda a ideologia e propaganda veiculada pelos “media” dominados pela direita e não sabe defender o povo desse veneno. É uma situação frustrante que se continua a viver com uma grande parte da população já indiferente ao assunto. As pessoas já interiorizaram que a esquerda é uma espécie de desejo piedoso por mudanças, por justiça, mas que é irrealizável e que já está integrado no ideário direitista, que o consente ou não, segundo a sua caprichosa vontade. Quanto tempo resistirá uma democracia com estas aleivosias por mais formal que seja?
Daniel D. Dias
4/10/15
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