sábado, 1 de fevereiro de 2014
Descuidos
Quando há problemas (nos) intestinos é quase certo que, mais tarde ou mais cedo, surgirão descuidos denunciadores.
Foi o caso de António José Seguro, ontem. De manhã, na AR, o primeiro ministro elogiou o PS pela colaboração com o Governo na preparação do acordo sobre a aplicação dos fundos europeus para o período 2014-2020, congratulando-se com o facto de “o Governo e o maior partido da oposição, apesar das divergências que possam ter, tenham podido colaborar de forma tão próxima”. Ora Seguro que não se cansa de afirmar que se recusa a colaborar com o atual governo e que garante nunca desenvolver negociações que não sejam transparentes e do conhecimento público, não contestou estas afirmações. Contorceu-se, é certo, mas acabou por deixar um fedor de incómodo comprometimento a pairar no hemiciclo http://noticias.pt.msn.com/ps-colaborou-de-forma-pr%C3%B3xima-com-o-governo-sobre-fundos-europeus-%E2%80%93-passos-coelho.
Mas logo a seguir, no “Clube da Alameda”, em jeito de pré campanha eleitoral, afirmou que “os últimos quatro governos prometeram todos que não aumentavam impostos e quando chegaram ao governo aumentaram esses impostos”. Manifestou assim, de forma descarada, aquilo que há muito disfarçava: a quebra de lealdade com o seu próprio partido e em particular com a última governação socialista que - é bom não esquecer - é o álibi supremo desta corja que tomou o poder. http://noticias.pt.msn.com/seguro-critica-governos-do-ps-e-psd-por-incumprimento-de-promessas-eleitorais. Desta vez o fedor foi tão inequívoco que se sentiu por todo o país. Só lhe faltou mesmo o ruído peculiar para merecer o habitual epíteto...
Não sei se Seguro tem na mira agradar ao eleitorado descontente ou se é movido pela sub-reptícia convicção de que, afinal, os portugueses têm vivido a cima das suas possibilidades e que, não sendo simpática embora, a atual maioria está no caminho certo e faz o inevitável, o que tem de ser feito. Será por isso que nada promete? Ou será que – pura e simplesmente - nada tem para prometer?
Uma coisa parece certa: se os militantes do PS não se puserem a pau, Seguro fará ao PS o que Passos tem feito ao país.
Daniel D. Dias
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