quarta-feira, 4 de junho de 2014

Eleições à vista?


Ou muito me engano ou esta comissão liquidatária a que chamam governo prepara um golpe para continuar no poder. O pretexto é, mais uma vez, o Tribunal Constitucional que não deixa o pais sair do marasmo, agora que o caricato relógio de Portas assinalou o fim do “protetorado” da troika e era suposto arrancar o futuro radioso do país. Não há exagero em afirmar que o Tribunal Constitucional é um pretexto, pois, nestes três anos de austeridade, só cerca de 15% das medidas de austeridade foram restringidas pelo TC. Tudo mais foram opções do executivo.

A mascarada chegou ao fim não por culpa da derrota nas eleições europeias, nem por causa do TC, mas porque tudo falhou e em toda a linha. O desemprego aumentou, a ruina corrói toda a sociedade, das instituições, às empresas, passando pelas famílias. Até a “indústria da caridade” foi atingida. O país empobreceu consideravelmente. O “milagre económico” anunciado percebe-se que foi um fiasco, a dívida pública agravou-se de forma escandalosa e ainda por cima o deficit continua elevado. Não há qualquer mudança. Continuamos a afundar-nos neste buraco que não para de ser escavado. Até a “saída limpa” parece ter sido sol de pouca dura pois os sacrossantos mercados borrifam-se para continuar a baixar as taxas de juro da dívida portuguesa, agora que o interregno para safar a elite que manda na Europa chegou ao fim.

Já não há qualquer expectativa e esta maioria – e certamente o seu mentor Cavaco Silva -, já não consegue disfarçar a situação de fracasso total destes três anos de sacrifícios inúteis. A derradeira oportunidade para continuar no poder e de algum modo continuar a mesma política – só vejo esta – é, convocar eleições antecipadas, o mais rapidamente possível. O ambiente é particularmente favorável pois a maioria dos partidos – e do povo – reclama eleições antecipadas. E as dificuldades criadas pelo chumbo do TC, são o pretexto que faltava…

Se forem rápidos, talvez até vão a tempo de ganhar as eleições. Por curta margem, certamente. Não será um resultado lógico, espectável, mas, com a nossa cultura política e com a comunicação social que dispomos, nunca se sabe. Mas se a coisa falhar, o que é provável, ainda lhes resta Seguro – que desespera por ser primeiro ministro e sabe que está a prazo – como alternativa para continuar no poder. Ou se aliam a ele como vencedores, ou se aliam a ele como perdedores.  Seguro é quem tem mais hipóteses de ganhar umas eleições no curto prazo – Costa pode não ter tempo para se impor -, mas nunca terá uma maioria absoluta para governar sozinho e terá de aliar-se à direita. Quem está a ver o Seguro a governar com o PCP ou o BE?

Pode ser a surpresa que nos reserva esta maltosa para os próximos dias… Mas como eu desejo estar enganado!


Daniel D. Dias

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