Ou muito me engano ou esta comissão liquidatária a que
chamam governo prepara um golpe para continuar no poder. O pretexto é, mais uma
vez, o Tribunal Constitucional que não deixa o pais sair do marasmo, agora que
o caricato relógio de Portas assinalou o fim do “protetorado” da troika e era
suposto arrancar o futuro radioso do país. Não há exagero em afirmar que o
Tribunal Constitucional é um pretexto, pois, nestes três anos de austeridade,
só cerca de 15% das medidas de austeridade foram restringidas pelo TC. Tudo
mais foram opções do executivo.
A mascarada chegou ao fim não por culpa da derrota nas
eleições europeias, nem por causa do TC, mas porque tudo falhou e em toda a
linha. O desemprego aumentou, a ruina corrói toda a sociedade, das
instituições, às empresas, passando pelas famílias. Até a “indústria da
caridade” foi atingida. O país empobreceu consideravelmente. O “milagre
económico” anunciado percebe-se que foi um fiasco, a dívida pública agravou-se
de forma escandalosa e ainda por cima o deficit continua elevado. Não há
qualquer mudança. Continuamos a afundar-nos neste buraco que não para de ser
escavado. Até a “saída limpa” parece ter sido sol de pouca dura pois os
sacrossantos mercados borrifam-se para continuar a baixar as taxas de juro da
dívida portuguesa, agora que o interregno para safar a elite que manda na
Europa chegou ao fim.
Já não há qualquer expectativa e esta maioria – e
certamente o seu mentor Cavaco Silva -, já não consegue disfarçar a situação de
fracasso total destes três anos de sacrifícios inúteis. A derradeira oportunidade
para continuar no poder e de algum modo continuar a mesma política – só vejo
esta – é, convocar eleições antecipadas, o mais rapidamente possível. O
ambiente é particularmente favorável pois a maioria dos partidos – e do povo –
reclama eleições antecipadas. E as dificuldades criadas pelo chumbo do TC, são
o pretexto que faltava…
Se forem rápidos, talvez até vão a tempo de ganhar as
eleições. Por curta margem, certamente. Não será um resultado lógico,
espectável, mas, com a nossa cultura política e com a comunicação social que
dispomos, nunca se sabe. Mas se a coisa falhar, o que é provável, ainda lhes
resta Seguro – que desespera por ser primeiro ministro e sabe que está a prazo –
como alternativa para continuar no poder. Ou se aliam a ele como vencedores, ou
se aliam a ele como perdedores. Seguro é
quem tem mais hipóteses de ganhar umas eleições no curto prazo – Costa pode não
ter tempo para se impor -, mas nunca terá uma maioria absoluta para governar
sozinho e terá de aliar-se à direita. Quem está a ver o Seguro a governar com o
PCP ou o BE?
Pode ser a surpresa que nos reserva esta maltosa para
os próximos dias… Mas como eu desejo estar enganado!
Daniel D. Dias
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