domingo, 15 de maio de 2016

Temer (e) o preço das desigualdades


A clássica técnica policial de investigar a autoria dum crime começando por determinar, antes de mais, quem mais lucra com ele, é exemplar no caso do Brasil e, duma forma geral, em toda a América Latina e países Caribenhos. Que diabo, não são demasiadas coincidências e todas a apontar para o mesmo lado? Acho que não é preciso fazer um grande esforço intelectual para perceber quem lucra com a eventual derrocada dos governos que levaram ou levam a efeito políticas progressistas nos últimos quinze/ vinte anos. Quem lucra com a descida dos preços do petróleo, quem ganha com a desregulação da economia e das instituições?
O regresso às ”virtudes” do passado sempre foi uma constante quando as classes poderosas se sentem ameaçadas nos seus privilégios. Os promotores destas ideias, houve tempo, em que o tempo estava invariavelmente do seu lado. Mas creio que, atualmente, as coisas não são bem assim. Os retrocessos programados exigem hoje em dia, gestões e manutenções dispendiosas, impossíveis de suportar por muito tempo. E as lealdades entre cavalheiros de indústria também já conheceram melhores dias.
Estes movimentos fascistas ou fascizantes, que se vão implementando um pouco por todo o lado - ostensiva ou sub-repticiamente -, estão por isso condenados ao fracasso no curto ou no médio prazo. Creio que, na essência da economia mundial, há algo novo ainda não assumido, mas cada vez mais evidente: Sai cada vez mais caro gerar ou manter desigualdades do que procurar acabar com elas.
Talvez a praxis económica ainda esteja apegada a inércias do passado. As mudanças - como se sabe – não são lineares, pesam muito e são difíceis. Mas a caminhada na direção da igualdade social – estou convicto - é irreversível e imparável. Temer e o que ele representa é sem dúvida de temer. Mas Dilma, e o que ela representa, talvez ainda tenham uma palavra a dizer.
Daniel D. Dias

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